Super-heroína: Artista homenageia mulher que socorreu caminhoneiro em acidente que vitimou Boechat

Por José Ruthênho
Ontem dia 11.02.19 o jornalista Boechat faleceu. Perdemos essa figura de expoente nacional, em um acidente de helicóptero, foi drástico e dramático essa perda. Em especial para sua família e seus amigos de profissão.
Mas um fato, ou melhor dizendo, uma imagem chamou muito atenção de todos, no meio desse trágico acidente, que envolveu um helicóptero e um caminhão em uma movimentada rodovia da frenética cidade  de são Paulo. Alguém viu a imagem, editou e expôs nas redes sociais. Ficou muito bem editado a comparação com uma personagem de HQ, a atitude daquela moça. Mas há um contraponto.


Essa imagem é emblemática. Percebemos nela, nitidamente refletida, a sociedade pós moderna. Aquilo que criou, gestou essa sociedade ou o produto por ela fabricado. Pessoas sem a menor "empatia' com o sofrimento alheio.
A empatia envolvem três componentes: afetivo, cognitivo e reguladores de emoções. O componente afetivo baseia-se na partilha e na compreensão de estados emocionais de outros. O componente cognitivo refere-se à capacidade de deliberar sobre os estados mentais de outras pessoas.
Isso tudo quer dizer, que não é só ser solidário ao sofrimento do outro, mas ter a capacidade de se colocar dentro da realidade sofrida por ele, tomando uma iniciativa positiva e produtiva em relação ao dito cujo.
Vemos pela imagem dois personagens bem distintos. A jovem solidária, impelida pela empatia, toma a atitude de socorrer, intrepidamente o motorista acidentado, preso as ferragens do veículo. Ela de mãos limpas, busca desesperadamente salvá-lo, enquanto que outra figura masculina, busca apenas a melhor imagem em seu celular, o melhor enquadramento, um troféu para o seu "mundo líquido", para expor nos seus segundos de fama em seu Snapchat, instagram, ou seu facebook, ou qualquer rede social do momento.                                                                                                                                 
É Balman pensador contemporâneo, que vai conceituar esse fenômeno social: "o mundo líquido".    
A fluidez do mundo líquido de Zygmunt Bauman. Houve um tempo em que os conceitos eram sólidos. Ideias, ideologias, relações, blocos de pensamento moldando a realidade e a interação entre as pessoas. O século 20, com suas conquistas tecnológicas, embates políticos e guerras viu o apogeu e o declínio desse mundo sólido.                                                                                                            
O estado líquido é um estado da matéria no qual a distância entre suas moléculas é suficiente para se adequar a qualquer meio (tomando sua forma), porém sem alterar consideravelmente seu volume. O mundo líquido é semelhante. As relações não são sólidas, os relacionamentos são relativos, a realidade da verdade é distorcida pelos vários aspectos e moldes que a sociedade pós-moderna, distorceu. Questões de respeito, caráter, moral, são questionáveis. No mundo líquido tudo muda, a cultura humana é mutante, é mutável.                                                                                                   
O caso da ilustração acima, fica claro que no mundo líquido, para um, o mais importante é seu "narcisismo sínico", frio, bárbaro, abutre, coletar a imagem é mais importante que salvar uma vida. Enquanto a moça desesperadamente pede ajuda de outros que lhe são solidários, o rapaz continua filmando sem a menor vergonha. Que tipo de sociedade nos tornamos? Que tipo de seres humanos somos nós hoje? Por que a aparência, o transitório e o irreal é mais importante que as coisas concretas? É preciso refletir.
Para constar, na cena quem merece todo nosso aplauso, é esta mulher de nome Leilaine da Silva, idade 29 anos, que estava em uma moto ao lado do caminhão que se chocou contra o helicóptero. No acidente, que vitimou o piloto e o jornalista Ricardo Boechat.
Saiu no jornal: “Uma mulher forte, de coragem, que arriscava sua vida enquanto os homens a sua volta apenas se importavam em filmar ao invés de ajudar", postou o artista brasileiro Angelo France. #opovo



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