A Nova Ordem Mundial

A Nova Ordem Mundial
O que é uma ordem (geopolítica) mundial? Existe atualmente uma nova ordem ou, como sugerem alguns, uma desordem? Quais são os traços marcantes nesta nova (des)ordem internacional?
         Utilizamos como marco inicial para a assim chamada “Nova Ordem Mundial” (ou “Nova Ordem Internacional”) a queda do Muro de Berlim, com tudo o que simbolizou em termos políticos, econômicos e ideológicos. Evidentemente, muitos aspectos anteriores já indicavam uma nova era econômica em formação.
         O Muro de Berlim não apenas separava uma cidade e um povo. Ele simbolizava o mundo dividido pelos sistemas capitalista e socialista. A sua destruição, iniciada pelo povo de Berlim, na noite de 9 de novembro de 1989, pôs abaixo não apenas o muro material; mais do que isso, rompeu com o mais significativo símbolo da Guerra Fria: a bipolaridade. 
         Como foi possível a queda do Muro de Berlim, em plena Guerra Fria, num país sob forte hegemonia da União Soviética?
         Estas coisas não acontecem, por assim dizer, “como um raio em céu azul”. Uma série de fatores a tanto conduzem, liderados pela Corrida Armamentista. Paralelamente ao abandono do Estado capitalista com gastos sociais, seguindo a orientação “neoliberal”, este passou a investir cada vez mais pesadamente em armamentos de ponta, mandando a conta da “defesa do mundo livre” para os países subdesenvolvidos. A União Soviética e seus aliados, sem terem “satélites” ou países a utilizar como fonte de recursos para esta finalidade – que contraria o princípio básico do socialismo, a Paz – passou a defender-se como pode. De todo o modo, se o bloco capitalista, dispondo de seu potencial de exploração de praticamente todo o mundo subdesenvolvido e do aparato de propaganda que a isto se segue, criou armas cada vez mais sofisticadas e inacreditáveis. Em fins da década de 80 falava-se no desenvolvimento, por conglomerados anglo-estadunidenses, de um projeto de “Guerra Nas Estrelas”, uma espécie de malha de satélites voltada a destruir armamento inimigo em terra com canhões laser! Especulava-se ainda acerca de uma arma (que, se efetivada jamais foi utilizada na prática, que se saiba, até os dias de hoje) chamada de “Bomba de Nêutrons”, capaz de destruir completamente a vida sem afetar o patrimônio, um verdadeiro emblema do ideal capitalista... Deslocando recursos da produção de alimentos, medicamentos, educação e salários para a Defesa, as nações socialistas foram levadas a um crise econômica sem precedentes históricos, este o cerne do problema.
         Em 1985, a eleição de Mikhail Gorbatchov para a liderança da União Soviética tinha por finalidade encontrar formas pacíficas de sobrevivência democrática entre regimes econômicos antagônicos. Se os socialistas reafirmavam a necessidade da intervenção estatal na economia, encontravam, na outra ponta a competitividade mercantil daqueles que se nutriam da morte e da destruição, numa palavra: da competitividade. Abandonaram-se as metas cooperativistas e passou-se a pautar-se pela mais rapinante competitividade.
         Reconhecendo que falta de transparência e democracia na revelação dos fatos constituía um entrave ao desenvolvimento do socialismo, Gorbatchov publicou seu clássico Perestroika, novas idéias para o meu país e o mundo que, contudo, foi mais utilizado pelos adversários do que pelos amigos do social. Era sem dúvida a expressão de uma crise.
         Gorbatchov tentou ainda acordos com o ultradireitista Ronald Reagan, administrando mesmo o final do Tratado de Varsóvia e assinando com o presidente estadunidense o famoso acordo START (Strategic Arms Reduction Treaty), através do qual a OTAN e outras organizações filo-fascistóides dos Estados Unidos e aliados comprometiam-se a diminuir seus arsenais e interromper a corrida armamentista. Na prática, pouco foi feito a este respeito e é correto afirmar que as nações do Oeste (Estados Unidos e Inglaterra à frente) venceram a Guerra Fria contra o socialismo. 
         Naturalmente, a última palavra a este respeito ainda não está dada. Outrora um dos maiores problemas de distribuição na URSS era representado pela filas: todos tinham dinheiro para comprar os bens necessários, particularmente numa nação que foi capaz de manter o preço do pão em três copeques durante mais de setenta anos! Mas formavam-se filas imensas para esperar que produtos raros do ocidente chegassem às prateleiras dos supermercados, delas desaparecendo rapidamente. Hoje, em Moscou, o que se vê é, além do retorno da prostituição, da miséria, da mendicância e da violência, levando uma nação que já foi uma superpotência a rivalizar com países subdesenvolvidos neste quesito, supermercados e lojas de conveniência abarrotadas de bens para os quais ninguém mais tem dinheiro para comprar... O russo médio se pergunta se teria feito um bom negócio ao sair do socialismo para o capetalismo...

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